BRASÍLIA - É enorme o esforço do PT para tentar se desvencilhar do dossiê antitucano formatado pelo "grupo de inteligência" do comitê de campanha de Dilma Rousseff.
A ordem agora é martelar que o próprio PSDB arquitetou o escândalo -e pressionar a imprensa a revelar como obteve a papelada.
A narrativa não para em pé. Que a própria candidata à Presidência se empenhe em divulgá-la é sinal de, no mínimo, desorganização.
Primeiro, porque o caso só veio à tona graças a dirigentes do PT, que o confirmaram à revista "Veja". Gabavam-se de ter abortado a tentativa de alguns correligionários de reeditar os "aloprados" de 2006.
Segundo, porque os próprios envolvidos desautorizam a versão.
O empresário que chefiava a equipe de comunicação de Dilma, apontado como o coordenador do dossiê, não hesitou em acusar o "fogo amigo". "O grupo do PT que integrou o governo da Marta [Suplicy] quer entrar na campanha a qualquer preço. Fui a primeira barreira dessa guerra e sofri as consequências", declarou Luiz Lanzetta.
Indagado sobre como o conteúdo de reportagens inéditas suas sobre José Serra foi parar na imprensa, o jornalista Amaury Ribeiro alegou que seu computador tinha sido violado e que ele só não havia ido à polícia por orientação de Lanzetta: "Havia a suspeita sobre os próprios integrantes" do comitê de Dilma.
A tática petista de jogar na confusão não é nova. Foi usada em 2008, quando a Folha revelou que a Casa Civil havia juntado documentos sobre Fernando Henrique e Ruth Cardoso, com o objetivo de coagir a oposição e impedir a CPI dos Cartões Corporativos.
Na época, o PT tentou emplacar a versão de que o PSDB havia infiltrado um "espião" no Planalto e forjado a planilha que vazou à imprensa. O inquérito policial, porém, confirmou o noticiado: arquivo específico contra o casal FHC tinha sido criado e alimentado no computador de assessora de Dilma.
Melchiades Filho, Jornal Folha de São Paulo, 02/07
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