Cenários

Ontem, fiquei em casa. Precisava escrever, pensar, olhar pela janela, oxigenar o cérebro para ter idéias e então novidades. Trabalhar em casa tem destas coisas toca a campainha, interfone, aproveita-se para bater uma roupa na máquina, deixar a cozinha em ordem mas, tudo corre bem.

É preciso mudar de cenário de vez em quando..ainda mais quando o cenário muda.. os atores mudam e você continua no palco.

Chega o tempo de rever..refletir...pensar..mudar..respirar...ou quem sabe apenas ...esperar!

Mas, esperar não faz minha cabeça..gosto de estar sempre em ação..reclamando do excesso de trabalho..da folga de um ou outro..da chatice de outros..mas, principalmente gosto de estar perto de pessoas que eu admire..que me sirvam de exemplo..que me puxem para o alto..que me façam sentir orgulho de estar perto..que me ensinem..que me percebam.

Estou como em Lost. Em uma Ilha cheia de desconhecidos. Mas, sem a mínima vontade de me aliar para poder sobreviver. Pensava exatamente nisso..quando a rede caiu ..o virtua foi para o espaço.

Meu telefone tocou ..era a minha mãe. – Posso passar ai? Vamos almoçar juntas?
Respondi que sim, é claro. Colocamos a conversa em dia. Falamos de noticias velhas. Relembramos bons momentos. Rimos. Lamentamos. Tomamos café. Ficamos sentadas uma do lado da outra, olhando para frente, de braço dados e cabeças encostadas. Ficamos em silêncio..aquele que só é permitido entre os cúmplices. Voltamos a conversar. Mais um café. E então, era hora de ir embora. Acompanhei minha mãe até o metro.

Voltando para casa..tive a certeza ..da certeza que já tinha há muito tempo. Elas sentem tudo. Sabem de tudo. E usam isso a seu favor e ao nosso também. E nada como uma conversa com a mãe para rever..refletir...pensar..mudar..respirar..e reanimar.